Preferia que ele estivesse morto
- Tabata Pitol
- 5 de jul. de 2017
- 3 min de leitura
"Pode até ser pecado o que vou dizer: mas preferia que ele tivesse morrido, assim eu poderia amá-lo para sempre”.

A frase é recente. Saiu da minha boca há menos de 5 dias durante minha sessão de terapia. Não, eu não quero que ele morra. Nunca quis. Mesmo nos momentos de maior dor, sempre quis que ele ficasse bem. Enquanto passeávamos em uma catedral de Paris, no início do ano, acendi uma vela desejando que nós dois ficássemos bem, independente do caminho que seguíssemos. Continuo pensando assim!
Mas, não sei como acontece com vocês, mas comigo é assim: muitas vezes estou 100% bem. Minha vida segue, e consigo ter momento de felicidade genuína. Mas tem dias que me pego imensamente triste, com uma saudades sem fim. "É um sentimento que vem quase como se ele não tivesse feito nada de errado comigo”, digo para Carol, minha terapeuta. Por alguns segundos parece que sou capaz de esquecer e perdoar tudo apenas para sentir novamente o cheiro dele, o toque dele.
Tenho real vontade de amá-lo para sempre. Acho um judiação matar esse amor gigante e tão verdadeiro que já dura 13 anos. Engraçado que foi exatamente isso que eu disse a ele um ano antes de começarmos a namorar, quando fui confessar minha paixão e ele me disse que sentia que só poderíamos ser amigos.
Enfim, é em meio ao desejo quase desesperado de amá-lo para sempre que a ficha cai: não é o que eu quero. Estranho isso né? Sentir vontade, mas não querer. Acho que em nenhuma outra situação eu tinha passado por desejos tão dúbios em um mesmo instante.
Fato é que com tudo que aconteceu entre nós, eu descobri um amor próprio tão grande, que me faz saber exatamente o que quero e o que não quero, o que preciso e o que não preciso, mesmo que meu coração teimoso às vezes tente me contrariar. Tadinho, mal sabe ele que a ariana aqui, quando põe uma coisa na cabeça, vai até o fim.
Muitos me dizem e disseram que a separação é um luto. Mas discordo. Algo está morrendo. Mas ainda não morreu.
Quando há um luto, a "coisa" já morreu. Na separação não. O amor está lá: vivo. Ferido é verdade, talvez agonizando. Mas ele demora para dar os últimos suspiros e partir. Além disso, quando alguém morre, raramente temos raiva dele. Lembramos dos bons momentos e isso é um alento Na separação não. Lembrar dos bons momentos dói ainda mais. Mas são mesmo os momentos ruins, aqueles que nos massacraram que não saem da cabeça. Aquela frase dita na última ligação, a curtida no Facebook, a frase postada no Instagram. O carro que você ajudou a pagar e hoje serve de transporte para a outra…
O que aprendi é que as coisas tem de fato seu tempo. Por mais que não queiramos pensar, lembrar ou sentir algo, vamos pensar, lembra e sentir por muito tempo. Mas eu sei, estou vivendo isso, que as coisas vão sim ficando mais leves. Até que o peso se vá de vez, sigo os conselhos da minha psicóloga:
1 - Quer chorar, chora. Deixa ir. Entra no chuveiro e deixa a água ajudar a levar sua dor;
2 - Acolha o que está sentindo.Tudo isso faz parte do processo (negação, barganha, raiva, depressão, aceitação), é normal oscilar de uma fase para outra.
3 - O saudosismo da vida que tinha vai te visitar de vez em quando, e você pode recebê-lo bem, até servir um café e depois convidá-lo para se retirar.
Vamos tentar?

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