Qual o seu estado civil?
- Tabata Pitol
- 14 de ago. de 2017
- 2 min de leitura
Foram três as vezes que essa pergunta aí do título me derrubou. Uma foi no pet shop. Meu ex-marido já tinha saído de casa, mas ainda não deixava eu separar nossas coisas (conta conjunta, plano família do celular, etc). Fui levar um de nossos dogs para tomar banho quando ouvi: nosso sistema teve que ser reiniciado e precisarei refazer o seu cadastro. Qual seu estado civil? Engoli seco, refleti por 3 segundos - tempo máximo para a moça não me achar uma tapada - e respondi "casada". Não fiquei satisfeita com aquela resposta.

A segunda vez foi quando fui à psiquiatra pela primeira vez. Chego no balcão, e logo após pedir meu nome completo, veio a fatídica pergunta. O solteira saiu em meio a lágrimas que me impediram de responder o resto das perguntas. Sejam compreensivas: fazia menos de 24 horas que eu de fato me considerava solteira.
A terceira vez foi minutos depois. Não contente com as informações fornecidas pela recepcionista, a própria psiquiatra (beijo Dra. Cintia, vc salvou minha vida!) refez a pergunta. Dessa vez foi a terceira: nome? idade? estado civil? Comecei a chorar tanto que ela disse: me conta isso aí então antes de eu fazer mais perguntas. Uma hora e meia depois eu saia dali sem lágrimas nos olhos, alguns medicamentos na bolsa e a vontade de comer algo, o que não acontecia há quatro dias inteiros.
Passado o impacto de admitir que meu marido não era mais meu marido, passei a me definir como separada. Eu que sou mestra na arte de afirmar que não sou, apenas estou, saí dizendo por aí que eu era separada, que estava me separando e até me divorciando, o que nem é verdade porque nunca casei no papel - e isso conto em outro texto.
Recentemente, em um evento ao qual fui a trabalho, tudo mudou. Não, eu não casei de novo. Mas me dei conta que eu não era uma mulher separada. Eu era uma mulher solteira, com todas as dúvidas, dramas e delícias que este estado civil carrega. Percebi que ao conversar com homens que não conhecia, eu não precisava mais soltar logo de cara um "ah meu marido também adora isso” só para marcar território e deixar claro que eu era casada.
Percebi que posso receber galanteios (juro que só tenho 37 anos, mas meu vocabulário é meio arcaico) e que posso flertar. Mais que isso, posso paquerar e, porque não, ficar com alguém.
De repente um novo mundo se abriu. Um mundo de novos primeiros beijos, de novas primeiras transas, de mensagens trocadas ao fim do dia e da ansiedade com a mensagem que não vem. Na mesa, ouvi de uma assessora de imprensa, que eu iria descobrir um jeito diferente de paquerar, já que “na minha época não tinha tecnologia”. Pensei em brigar com ela, mas admiti, é verdade, hahahaha
Enfim cá estou: Tabata Pitol, 37 anos, solteira. Quer me chamar para sair? Pode ser que eu aceite. Afinal, eu estou solteira :)

Comentarios