Ajuda profissional para dor
- Tabata Pitol
- 17 de ago. de 2017
- 5 min de leitura
"Acreditem, não há dor que dure para sempre!". Foi com essa frase que a psicóloga clinica e coach de saúde e bem estar, Ana Carolina Molena, fechou a entrevista que deu para a gente, que serviu de base para o primeiro vídeo do Canal Segue o Baile. E não parou por aí: "Vocês vão passar por isso e a superação será o combustível na construção de um novo e lindo capítulo da vida", atestou.
Mas se você ainda está na dúvida se deve ou não buscar ajuda profissional, Ana Carolina é categórica: "Acredito que todos deveriam procurar um profissional para auxiliá-los a reconhecer os sentimentos e passar por essa fase". Isso porque, as separações, mesmo as planejadas e acordadas por ambas as partes, geram um turbilhão de emoções. A coach exemplifica citando a psiquiatra Elisabeth Kubler- Ross, que foi quem definiu os cinco estágios do luto (e nós bem sabemos que um rompimento também é um processo de luto): negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. E, para passar por todas essas emoções dolorosas, ter uma rede de apoio que conte com uma pessoa gabaritada para ajudar a elaborar um final feliz para essa fase, é bastante proveitoso.

A Carol (e aqui a gente tem toda essa fofice com ela porque já virou membro do Canal, uma vez que é citada várias vezes pela Tabata como "minha terapeuta") respondeu algumas dúvidas de leitoras que a gente vem colhendo durante a elaboração do Canal Segue o Baile sobre buscar terapia no momento da separação.
A contribuição dela foi tão, tão bacana, que ficou impossível colocar tudo no vídeo, e por isso, trouxemos para cá algumas dicas, que podem ser usadas por qualquer pessoa que esteja se sentindo triste, seja por ocasião de uma separação ou não. Então, pega essas dicas:
[CANAL SEGUE O BAILE] Até onde é normal a tristeza pós-término e onde está virando doença, como a depressão?
[CAROL] Fins de relacionamentos costumam ser dolorosos. É normal a tristeza aparecer junto com outros sentimentos desconfortáveis. Cada pessoa tem a sua capacidade de tolerância para lidar com eles, mas devemos ficar atentos quando isso começa a atrapalhar o nosso dia a dia.
Os sinais que mais indicam que o sentimento está se transformando em uma doença são:
• Isolamento social
Você percebe que está se distanciando dos seus amigos, ou isso é notado por eles;
• Somatizações
Quando as nossas emoções afetam o nosso corpo, como dores de cabeça constantes e inexplicáveis, dores no estômago, baixa resistência;
• Alteração na alimentação
O apetite pode aumentar ou diminuir;
• Alteração no sono:
Podem desenvolver insônia ou passar a dormir mais do que o normal e sentir sono em horários diferentes;
• Falta de rendimento no trabalho ou nos estudos
A atenção e concentração diminuem;
• Interferência nos outros relacionamentos
Impaciência e irritabilidade com família e amigos;
• Sensação de estar desconectado daquilo que gostava de fazer: o que lhe dava prazer deixa de ser interessante;
Devo ressaltar que todos podem apresentar esses sintomas no início da ruptura, por isso o que vai determinar o aparecimento de uma doença é a sua duração, intensidade e quantidade.
[CANAL SEGUE O BAILE] Por que a terapia é importante no momento de uma separação?
[Carol] O processo terapêutico tem por base o acolhimento e a formação de vínculo. Na separação, isso se torna importante para a construção de uma aceitação do fim. Eu costumo falar que a terapia auxilia na faxina da nossa casa mental, a tirar o que não vamos mais usar e adquirir ferramentas que serão úteis.
As pessoas que lidam com perda podem ter alguns pensamentos que dificultam a dar a volta por cima. Recentemente, lendo o livro PLANO B: como encarar adversidades, desenvolver resiliência e encontrar felicidade, dos autores Sheryl Sandberg e Adam Grant, encontrei a conclusão do psicólogo Martin Seligman dos três Ps que podem prejudicar a melhora:
(1) personalização – impressão de que temos culpa;
(2) permeabilidade – impressão que o acontecimento vai afetar todos os setores da nossa vida;
(3) permanência – impressão que os desdobramentos desse acontecimento vão durar para sempre.
A psicoterapia ajuda na reformulação dessas e outras crenças negativas. Na ruptura de relacionamentos se faz necessário finalizar uma história e iniciar um novo capítulo. A dupla psicólogo – paciente busca o que o sofrimento está ensinando (pode parecer estranho no primeiro momento, mas toda dor gera uma aprendizagem incrível), e essa nova experiência dará força para começar uma nova etapa.
[CANAL SEGUE O BAILE] Para quem está se sentindo triste, mas não tem condições de buscar um profissional para ajudar nesse processo, quais suas dicas?
[Carol] Existem formas para acalantar um pouquinho esses momentos:
• Use a sua rede de apoio: Ninguém precisa passar por isso sozinho, muito pelo contrário, nesse momento você precisa estar rodeado de amor. Use e abuse dos seus amigos e familiares, eles te amam e querem o seu melhor.
• Atividade física: a vida precisa fluir e você precisa literalmente se mexer. Os benefícios do exercício físico regular são inúmeros, mas o que irá ajudar muito nessa fase é a liberação da endorfina (conhecida como hormônio da alegria, que promove a sensação de bem-estar, euforia e alívio das dores) e da dopamina (que propicia um efeito tranquilizante e analgésico no indivíduo).
• Tenha paciência, isso ainda vai levar um tempo: especialmente se o relacionamento era antigo, esse processo possivelmente vai ser doloroso e longo.
• Entenda que as emoções que está sentindo são normais e as abrace: Não fique remoendo as coisas – os seus sentimentos de raiva, frustração e tristeza são naturais e normais. Acolha quando eles resolverem aparecer, você pode recebê-los bem, até servir um cafezinho e depois convidá-los para se retirar.
• Chore se você precisar: vá em frente, pode chorar e mandar embora o que está te fazendo mal. Mas vai precisar se reerguer porque a vida continua.
• Esconda tudo o que for difícil demais de ver, por enquanto: pegue tudo o que te faça lembrar do relacionamento (fotos, cartas, recordações), coloque fora do alcance e se dê um tempo.
• Afastamento: isso pode ser uma das coisas mais difíceis, mas o contato zero com o(a) ex-parceiro(a) no início da separação ajuda muito no entendimento e aceitação do fim. Se tiver filhos, os diálogos devem ser exclusivamente pautados nos mesmos.
• Mantenha um diário: transformar as emoções em palavras é muito eficaz para aliviar alguns sentimentos, além de facilitar o entendimento de muitos pensamentos.
• Busque distrações e prazer: sei que a vontade pode ser zero no começo, mas se force a sair um pouquinho de casa e fazer programas que te façam bem.
• Autoconhecimento: você também pode descobrir as sua forma de melhorar. A busca do autoconhecimento é fundamental, somos seres únicos e também temos formas únicas de dar a volta por cima, então abra o olho e se observe.
Veja aqui o vídeo no Canal Segue o Baile!
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