Meu tumor no cérebro
- Tabata Pitol
- 25 de set. de 2017
- 3 min de leitura
Sei que meus textos não são muito legais de ler. Muita gente me diz chorar aos lê-los e essa não é, de forma alguma, minha intenção. Mas é que desde que tudo isso começou a acontecer na minha vida, escrever tem sido uma forma de amenizar a dor. E sim, é muita dor. Então se vc começou a ler isso, e não está passando pela tristeza de ter tido um coração partido, eu te incentivo a parar agora. Aposto que tá Sol lá fora. Vai lá! Confesso para você que se 5 meses atrás eu me deparasse com esse texto eu pararia de lê-lo de imediato. Ia curtir minha deliciosa vida em que tragédias só aconteciam nos filmes que assistia no Netflix. Enfim, estou avisando. Aconselhando até. Desista agora, porque esse texto também vai falar de dor.

"Você pode estar com um tumor no cérebro. Olha só, na maior parte dos casos, tumor na hipófese não é maligno. Além disso, 50% se curam com remédios. Só nos outros casos é preciso cirurgia". Foi isso que a ginecologista disse ao ver meus exames. Aqueles que fiz despretensiosamente apenas porque iria deixar o plano de saúde do ex-marido e achei que deveria fazer um check up antes de assinar os papéis. Não sei se alguém que decidiu se manter lendo esse texto passou por isso. Mas quando vc escuta as palavras tumor e cérebro na mesma frase algo estranho acontece com você. Para mim foi pensar: puta merda, vai ser igual aquelas matérias do UOL, "Mulher faz exames, descobre tumor, e tem que agradecer ex-marido que a traiu por ter descoberto a doença a tempo de se tratar". Exames feitos, ex-marido querendo adiar a assinatura dos papéis para que eu continuasse no plano bom que ele tem - "eu me preocupo com sua saúde", disse ele - "só com a física, não a mental", respondi eu. Fato é que a dor de ver minha vida desmoronar depois da traição dele me causou muitas, muitas dores. Muitas emocionais. Mas algumas físicas. Esse aumento da prolactina , por exemplo. Ontem (já com o MEU plano de saúde) tive a certeza que não se trata de um tumor (vejam na foto que lindo e certinho está meu cérebro) mas de uma disfunção hormonal decorrente do "meu momento de estresse". Sim, essa palhaçada toda me fez acreditar por dias que eu podia ter um tumor no cérebro. Agora os seios doem desesperadamente e há chances de produzirem leite. (ecaaaaaaaaaaaaaaa urght argggggg bléééh). Também tive três sangramentos pontuais. Não, não era menstruação (não menstruo há 5 anos). Nem escapes, me garantiu a médica. Emocionais, mas com concretizações (e dores) físicas, disse ela. Até pq foram extremamente pontuais: a primeira vez que falamos de nos separar, no dia em que decidimos que não voltaríamos ao Brasil como um casal e no dia que assinamos o divórcio. De dois a três dias. Era meu corpo literalmente sangrando pelo que aconteceu. Dores no corpo foram muitas. Quantas vezes disse a terapeuta que me sentia como se tivesse sido atropelada por um caminhão e depois socada e chutada por muitas pessoas ? A última vez que ele esteve no nosso ap eu gritei como bicho. Sentia uma dor que transbordava meu corpo e minha alma. Encolhida no canto do meu closet chorei e gritei como um animal machucado, sangrando, apavorado (bom, quem disse que eu não era esse animal ?). Não sei nem descrever aqueles gritos, só sei que não quero nunca mais repetí-los. Deixei para o fim minha maior vergonha. Algo que nunca imaginei que pudesse acontecer. O embuste me pegou de surpresa em um dia dizendo que sentia que estávamos desconectados. Naquele mesmo dia tínhamos uma festa que insisti para não irmos, e ele insistiu para irmos. Depois de uma noite péssima, na hora de voltar para casa, passou pela minha cabeça que aquela poderia ser a última vez que voltaríamos juntos para casa. Imediatamente tive uma dor horrível no abdômen e sim, eu fiz coco na calça. Não achei que teria coragem de contar isso para mais de duas ou três amigas que já sabiam. Nunca achei que colocaria isso na internet para todos lerem. Mas cansei de gente achando que dor de amor, de coração partido é mi mi mi. Sei que há dores muito piores de serem enfrentadas, tanto físicas quanto emocionais. Mas a minha dor é real e merece respeito. A sua tbm. Não deixe ninguém menospreza-la. Não sei o que acontecerá comigo daqui para frente. Mas até aqui foram meses de dor e sintomas físicos dilacerantes. Espero que passem logo. Espero que não voltem nunca mais. Amém!

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