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Abrace seu luto particular

  • Rita Santander
  • 20 de set. de 2017
  • 3 min de leitura

Quando falamos em luto, logo nos vem à cabeça a ausência da vida, a perda pela morte. Minha bisa passou anos vestindo preto em memória do marido que a deixou viúva. Quem a via, acreditava ser uma mulher em sofrimento. Mas nós bem sabíamos que não era. Aquele luto era mera formalidade pela morte do homem que a arrancou da casa dos pais aos 14 anos, batia nela e a deixou com dois filhos pequenos, muito antes de morrer, quando formou uma nova família.

Sofrimento, portanto, não era bem o motivo das vestes pretas da bisa Stela.

Eu experimentei o luto pela primeira vez ao me divorciar e aquilo não tinha nada a ver com a morte de alguém, mas com a perda. No momento em que meu ex marido disse que não queria mais estar casado comigo, eu perdi minha família, minha casa, minha ideia de felicidade. Naquela sala, depois de uma noite inteira falando sobre nós e de como estávamos infelizes, eu perdi o meu chão.

Os desdobramentos que isso me causou nos meses, e até anos seguintes são outra história. Mas lá, naquele momento, o sofrimento me pegou e, diferente da minha bisa, eu me vesti de preto porque me sentia triste e apagada, e os óculos escuros escondiam as lágrimas.

Naqueles dias que sucederam à perda, portanto, eu era uma mulher enlutada, vivendo a perda do que eu conhecia como casamento, como se alguém tivesse morrido.

Digo dias, porque costumo espalhar que meu luto durou 30 dias. Há pessoas que não se recuperam nunca de uma separação (vamos, juntos, bater na madeira, deuzulivre), mas eu me recuperei. E o que ajudou muito nesse processo foi compreender a minha tristeza e viver intensamente aquele momento para, de certa forma, lavar a alma e me reerguer.

Durante meu luto, me dei ao luxo de ficar triste, de chorar pá porra, de me desesperar às vezes. Recusei convites e me fechei em casa. Não atendia telefonemas que sabia que viriam para me confortar, mas eu não queria conforto, eu queria sofrer.

Respeitar o luto e não tomar decisões sob forte influência da dor foram produtivos também. Sabe quando você está com uma enxaqueca horrível e sai tomando os analgésicos que vê pela frente? É isso que a gente faz quando liga pro ex no ponto máximo da sua dor: só piora a situação.

Uma vez ouvi uma palestra do TED onde a psicóloga Sarah Vieira conta sobre a paciente que havia perdido um bebê recém nascido e, no dia seguinte, seguiu a vida, sendo forte o bastante para voltar ao trabalho, cuidar da casa e da família sem se abater com o fato. Dez anos depois (sim, DEZ), essa paciente, sofrendo de dores horríveis no peito descobriu que era o luto pela perda do filho que havia batido à sua porta. O que evidencia a importância de viver o luto. "A sociedade quer que você seja feliz e não tolera a tristeza, mas é um sentimento humano que precisa ser vivido. Se não naquele momento, volta depois em forma de sintomas e problemas", afirma Sarah Vieira nessa mesma palestra do TED.

Veja aqui "10 coisas que aprendi sobre o luto"

Então, a dica aqui, e que funcionou um monte comigo é: Abrace o luto. Faça dele seu melhor amigo. Acenda uma vela pelo que passou. Faça uma prece pela alma daquilo que se desfez. Sofra ao máximo a dor da perda. Tudo isso para então, entrar naquele delicioso processo remissivo onde, um dia, você acorda e percebe que não dói mais. E então você coloca seu melhor batom e sai colorida para a rua.

É aí que vem o entendimento e a resiliência e até alguns sentimentos ruins, como sede de vingança. Mas todos eles podem ser mais facilmente percebidos e, se necessário, corrigidos.

O luto é essencial para que a gente consiga enxergar a nós mesmos naquilo tudo que está acontecendo e possamos seguir o baile como seres individuais que somos, em busca dos nossos próprios desejos, seja ele uma nova família, a reconquista do ex ou até o esquecimento total do que passou. A verdade é que, sem viver o luto, o ciclo não se fecha e o fim será sempre um tormento na vida de quem se separou.

E você? já viveu seu luto pela perda de um relacionamento?

 
 
 

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