Hoje eu quero desejar o amor
- Rita Santander
- 23 de out. de 2017
- 3 min de leitura
Após algum tempo vivendo em inércia (sabe, quando você meio deixa a vida levar?) semana passada estava a espera de notícias boas. A promessa é que ela viria na sexta e por isso, desde segunda, motivada e otimista, estava na expectativa do final da semana.
Acordei cedo, um pouco ansiosa, mas dentro do esperado. Tomei um café da manhã com pão de fermentação natural que comprei na padaria aqui perto, só para esperar minha boa notícia. Feliz, mas ainda um pouco ansiosa. Arrumei algumas coisas em casa vendo as horas passar. Ainda otimista. Uma ajeitada nas unhas me faria bem. E fez, ficaram lindas. Apreensiva!
Às 14h a notícia veio, mas não chegou boa como eu previa. A vaga que eu gostaria, em uma empresa bacana, após um processo seletivo de algumas etapas, não seria minha. Entre desejar que o candidato escolhido fosse, de fato, mais qualificado que eu e precisasse mais daquele trabalho por ter filhos para criar e lidar com o sentimento de frustração, a solidão bateu. E não porque eu estava sozinha em casa, mas porque, naquele momento, me senti solitária.

Já falei aqui sobre a importância de viver a tristeza pelas coisas. De fato, me dou o direito de me chatear por algumas horas ou dias e, então, bola pra frente! Porém é nesse momento, quando a tristeza vem, quando a lágrima corre ou quando eu tenho que lidar com alguma frustração que sinto falta do porto seguro do relacionamento.
Em um mundo ideal, às 14h03 eu pegaria o telefone e ligaria para a pessoa com quem caminho ao lado e diria a ele "não foi dessa vez". Ele me ouviria por alguns minutos, desligaria o telefone e, à noite, seu abraço seria meu porto seguro. E então, as frustrações morreriam ali para, no dia seguinte recomeçar.
Ainda em um universo onde meus ideias fossem reais, essa pessoa deixaria um pouco de lado seus problemas e aflições e olharia por um segundo para os meus para, então, sentir-se triste por mim por dois ou quatro minutos, e então, com o peso da vida compartilhado, olhar à frente e enxergar mais facilmente as possibilidades.
É isso que o amor deveria trazer: compreensão, colo, segurança. E todo mundo precisa disso. Todo mundo, de certa forma, quer isso. Mas quando a solidão dá as caras, lidar com a frustração se torna ainda mais difícil. Como se esses dois sentimentos não pudessem ocupar o mesmo lugar no tempo da nossa existência. Um de cada vez seria melhor. Mas nesse dia, o peso de ambos me consumiu.
Não importa o quanto digam sobre a capacidade de preenchermos nossos próprios vazios. Não quero saber de nada disso quando preciso de um abraço companheiro. É na tristeza, na dor, na fragilidade que meus desejos mais profundos se tornam manifestos e a necessidade de ser amada se torna mais latente.
Na falta disso, não me deixo abater por mais tempo que o necessário, claro. Algumas coisas não dependem só de mim. Como alternativa, mando mensagens à algumas pessoas, derramo algumas lágrimas. Até a última fatia do pão delícia do café da manhã ajuda a consolar.
Amanhã é um novo dia! Mas hoje não! Hoje quero chorar pela notícia que recebi e pela ausência do amor. Uma coisa leva à outra. Pena! Ainda que eu tenha a minha própria felicidade, ainda que eu tenha quem me ame ao meu redor. Hoje não quero me bastar, só quero desejar o amor, e sentir a falta que ele me faz.
Porque amanhã é mesmo um novo dia. Sorte a minha que tenho a capacidade de me reinventar! Sorte a minha!

Comments