NÃO crie expectativas
- Rita Santander
- 20 de dez. de 2017
- 3 min de leitura

Em vez de alimentar expectativas, que tal regar o nosso amor próprio,
para que ele floresça e nos traga felicidade?
Normalmente eu uso este espaço para lançar palavras de autoestima e autoajuda ligadas aos relacionamentos, mas hoje eu quero falar sobre um tema que pode dar aquela estremecida na nossa vida, e não de um jeito bom: a expectativa. E como é fácil a gente entender o motivo dela ser a "mãe da decepção"! Esta semana recebi um email de uma mulher que dizia que o sonho da vida dela era ser mãe. Treinava isso desde a infância e achava que, na vida adulta, seria a melhor mãe do mundo. Permaneceu em um casamento cheio de mágoas e decepções em prol desse sonho: afinal, o marido seria sua salvação. Até que veioa separação e o sonho dela da maternidade parecia destruído.
Anos mais tarde ela conheceu um homem que julga ser correto e amoroso e compartilha o desejo de ter um filho. Ainda assim, o bebê não vem. Minha, agora amiga, termina o email com: "o que eu faço? Me ajuda!" Posso imaginar o desespero dessa mulher, hoje com 42 anos e que teve seu tempo para gerar uma vida sentenciado como escasso. Porém, embora solidária e com os olhos marejados de ler aquele relato, eu dei a ela uma dica dura: "não deposite as expectativas da sua felicidade no outro, em especial em uma criança que ainda não nasceu". A dica, naquele momento, servia para mim também, que ao longo dos anos, vez ou outra, me atrapalho com o fato de achar que as pessoas devem atender às minhas expectaticas. Não está relacionado ao sentimento de possessão ou controle, mas sim à carência, instrumento que geralmente uso para estruturar todos os pontos e fatos que eu gostaria que acontecesse. A gente faz isso o tempo todo. Ao casarmos, temos um ideal de casamento e acreditamos que ele tem que ser daquele jeito, e esquecemos que a relação traz também uma outra pessoa, cheia de outras expectativas e sonhos e jeitos, a qual a gente precisa se adaptar e, muitas vezes, não compartilha alguns dos nossos objetivos. Isso não significa que a gente tenha que deixar de lado nosso querer, mas sim compreender que esse querer não pode depender de outra pessoa. A felicidade está nas nossas mãos. Enquanto a gente acreditar que outras pessoas nos trarão a tão sonhada felicidade, seja um filho, um marido, namorado, amigos ou família, as frustrações serão certas. Porque é impossível controlar o que o outro pensa ou nos entrega. Essa reflexão não veio para mim com o email que relatei acima, mas sim por meio das minhas próprias expectativas frustradas. Há pouco tempo, conheci um homem que tinha muitas das caracteristicas que eu espero (olha aí a expectativa) em uma pessoa. E o mais especial é que ele parecia gostar também do que eu tinha para oferecer. Ele atendia a todas as minhas expectstivas: o interesse, o bom dia, a espontaneidade, as conversas divertidas. Tudo que eu realmente gosto em alguém. Mas aí um dia, a espontaneidade cessou e ele pareceu estar mais polido, mais distante. Então em uma conversa, ouvi algo totalmente fora das minhas expectativas: "não quero um relacionamento, fui espontâneo demais, não considera o que eu digo hoje pois amanhã pode mudar, NÃO CRIE EXPECTATIVAS". Vocês devem saber bem o quanto é triste estar curtindo alguém e essa pessoa deixa claro que não quer seguir em frente, ne? Então, como aprendi há bastante tempo que ninguém convence o outro a ficar, quando ele mesmo não quer, enterrei ali as minhas expectativas todas, sofri com a falta dos "bons dias" animados e tirei, mais uma vez, a lição de que a minha alegria não pode depender do bom dia do outro, mas sim dos bons dias que eu mesma distribuo. Então, um bom dia pra cada um de vocês, porque escrever isso enche meu coração de alegria. E isso, hoje, me basta. ;)

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