GASLIGHTING: Você pode não saber o que é, mas já sofreu com ele
- Chris Menezes
- 15 de mar. de 2018
- 3 min de leitura
Dia desses lá no grupo do Facebook, a querida Rita Santander fez um post com o recorte de uma conversa com um paquera online. No papo, o cara parecia estar sendo fofo, mas na real estava criticando ao elogiar. Isso, claro, incomodou muito a Rita, que expressou seu desconforto ao rapaz. A reação dele não poderia ser mais óbvia: ao invés de dizer “você está certa, mandei mal”, ele disse: “não fiz nada demais, você é que está exagerando e me julgando mal”, numa demonstração clara e típica de gaslighting.
O termo Gaslighting surgiu em 1938, a partir da peça Gas Light (que depois viraria um filme estrelado pela maravilhosa Ingrid Bergman), no qual um homem tenta enlouquecer sua esposa ao diminuir as luzes da sua casa, sempre negando as alterações quando sua mulher questionava ou comentava sobre a diferença. Essa forma de abuso emocional é bastante cruel (e eficaz) porque a vítima começa a questionar seus próprios sentimentos, decisões, percepções e até sanidade, dando ao parceiro abusivo muito poder.

Quantas e quantas vezes você já não se viu sendo chamada de louca e paranoica ao questionar uma atitude de seu parceiro? E quando num almoço de família, você estava contando um caso qualquer e seu marido colocou os fatos em dúvida, dizendo que você sempre arruma confusão com os outros ou que se dói por qualquer bobagem? Seu namorado tem a mania de mudar o rumo da conversa para questionar suas opiniões, passando a controlar a discussão, dizendo que você está exagerando ou inventando coisas? GASLIGHTING, GASLIGHTING, GASLIGHTING.

Conversa que a Rita colocou no grupo
A forma sutil e silenciosa em que se dá esse tipo de abuso é extremamente perigosa, já que o abusador vai manipulando continuamente sua vítima que começa a não perceber que está se anulando ao duvidar do que sente, diz ou pensa. Para não aborrecer o parceiro, a mulher começa a não emitir opiniões e evita se posicionar sobre qualquer assunto com o receio de decepcioná-lo e receber mais críticas ou ataques. Por estar constantemente em estado de alerta, tentando se defender ou evitar conflitos, a vítima atinge um estado de esgotamento emocional, ficando completamente anulada.
O gaslighting é tão entranhado e comum em nossa sociedade que ao desabafarem com amigas, minhas clientes ouviram que não se tratava de abuso. Suas próprias amigas acharam que era... exagero L Até mesmo as autoridades resistem a ver o gaslighting como uma forma de assédio, já que são necessárias provas que corroborem a palavra da mulher (é... ainda temos um longo caminho, amigas).
Para saber se você é uma vítima de gaslighting, observe se você tem os seguintes comportamentos:
- está sempre duvidando ou se questionando sobre suas atitudes
- se questiona por quê é tão sensível a tudo
- se sente confusa com facilidade
- tem dificuldade para tomar decisões
- vive se desculpando por qualquer coisa
- acredita que faz tudo errado sempre
- sente que faz sempre péssimas escolhas
- pensa que não é boa o suficiente e, por isso, está destinada a ficar sozinha
- omite ou esconde assuntos de sua família e amigos mais próximos
- vive triste sem razão ou motivos concretos
- sempre cria desculpas para os comportamentos de seu parceiro
- perdeu a confiança em si mesma
Se você se identificou com algum dos sinais acima, não hesite em procurar ajuda profissional. Resgate sua autoestima e confiança em si mesma. Você merece ser feliz de forma plena e sem medos, amarras e toda essa pressão em cima de você.
Com amor,

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