Love express: a culpa não é sua
- Ademar Rodrigues
- 27 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Outro dia, enquanto saia do dentista recebi um áudio de uma amiga que queria desabafar um pouco. Ela dizia se sentir frustrada sobre como as pessoas estão conduzindo suas relações afetivas.
Depois de ouvir, decidi responder só depois que passasse o efeito da anestesia, por que o assunto era sério e falar com a boca anestesiada poderia tirar toda a credibilidade do meu discurso.
Minha amiga parecia cansada por não conseguir manter relacionamentos que acreditava estar caminhando para algo mais duradouro. Estava se sentido careta por sempre acabar “perdendo” para alguém mais rápida ou mais esperta que ela, alguém com mais sede. Não que ela também não tivesse sede, mas preferia degustar as emoções, como quem saboreia um bom vinho, lentamente. E nesse processo, parecia perder o time. Estava culpada.

Não sou conselheiro amoroso, longe disso. Sempre que emito alguma opinião sobre esse tipo de assunto, a pessoa que me ouve acaba se dando super bem, se fizer tudo diferente do que eu disse. Sou muito passional.
Mas achei interessante o discurso da minha amiga, por que cada vez mais eu também tenho observado que existe um grupo de pessoas que está fazendo uso das relações afetivas (se é que podemos chamar assim), como se fosse um tipo de droga (me refiro aqui às ilícitas, mesmo). Elas chegam usam por algum tempo, e quando passa o efeito elas partem em busca de algo novo. Não importa se estava sendo legal, elas querem mais, querem ser arrebatadas por uma nova paixão.
Estes indivíduos esperam que alguém preencha o vazio existente em suas vidas.
Claro, todos sabemos que a paixão tem prazo de validade, mas parece que esse prazo está ficando cada vez mais curto. O querer construir algo duradouro tem dado espaço para as relações rápidas, superficiais. Ninguém mais parece querer mergulhar, ficam no raso só molhando os pés.
Surge aí uma geração de pessoas (e não importa a idade), que não cria vínculos amorosos, e não se dá conta dos estragos que isso pode ter tanto para elas, quanto para o outro. Fast food é ótimo de vez em quando, mas todo mundo sabe que faz mal.
Existe também aqueles que não querem nomear o relacionamento. Não importa se já está rolando tem um, dois, três meses. Você sempre é apresentadx como “a pessoa com quem estou saindo”. Parece que dar nome ao relacionamento traz uma responsabilidade que não querem assumir.
Os motivos são os mais diversos. Talvez naquele momento a pessoa realmente não esteja disponível para algo mais sério. Talvez ela também esteja assustada, machucada por relacionamentos anteriores. Aí se acovardam, recuam, se escondem atrás de seus traumas do passado, como uma forma de autoproteção. Nesses casos são elas quem precisam se resolver.
Tudo isso chateia, frustra e traz inseguranças. Porém, o mais importante é não assumir a responsabilidade pela atitude do outro. Não é você que tem dificuldade em criar vínculos amorosos, mas o outro que, por algum motivo qualquer está se autossabotando emocionalmente.
Tenha em mente que não será você a tirá-lx do vício e fazer com que elx tenha uma vida amorosa mais saudável.

Комментарии