Fechando ciclos

O que sabemos quando começamos um relacionamento é que um dia ele vai chegar ao fim.

Vocês devem estar pensando agora: “nossa, como a Carol está pessimista!”, mas vamos analisar essa afirmação? Os ciclos sempre se fecham. Por mais que o relacionamento dê muito certo e vocês fiquem juntos e felizes, a morte um dia chega e ocasiona uma separação, um fim.

A finitude ainda é um tabu em nossa sociedade. Fins e mortes são assuntos pesados, carregados de melancolia, tristeza e por isso são evitados e nunca estamos preparados para encará-los. Só que vejo que é cada vez mais necessário falarmos disso, tanto para compreendermos e aceitarmos melhor esse processo natural, bem como para ajudar quem está passando por esse momento.

O fato real é que as pessoas vão embora. Independente de como estamos, se ainda existe amor, do dia da semana, da estação do ano, elas se vão. Esse é o ciclo. São caminhos que não temos como controlar. Isso serve para nos lembrar que a vida é sobre chegar, construir e ir embora. É nosso dever aproveitar a construção, porque essa é realizada no presente.

Se estivermos em uma relação, sejamos intensos, verdadeiros e vamos desfrutar o que podemos dela. Se ela chegou ao fim, a tristeza e outros sentimentos negativos vão aparecer, e isso é normal. Um ciclo com uma pessoa se fechou, mas nosso coração continua pulsando e o sangue está correndo na nossa veia, estamos vivos e a obrigação é a construção.

Nesses momentos, o que ajuda é observar o que está acontecendo: sentir o vento batendo no rosto, apreciar um pôr do sol, se sentir acolhido no “e aí, como você está?” de um amigo, saborear um chocolate... São tantas coisas boas que acontecem com a gente ao longo de um dia, que muitas vezes nem percebemos e aquilo passa, some e vem a sensação de uma vida vazia, de solidão.

A felicidade está nas pequenas coisinhas. Para nos aproximarmos dela, vale relembrar três bons momentos que vivenciamos nas últimas 24 horas e agradecer. A gratidão é transformadora, quem é grato reconhece o amor, a paciência e a consideração que lhe são dados. É uma rotina da alma para se viver em paz e superar momentos difíceis.

A gente sempre acha que a dor vai demorar a passar, que nunca mais vamos conseguir se envolver com alguém, que a ferida nunca mais vai sarar. Mas sara! Um dia percebemos que o machucado que estava aberto se fecha. Deparamos-nos com uma cicatriz, podemos até sentir um saudosismo, mas não vai doer e vamos sorrir e continuar o dia.

Quando uma pessoa sai da nossa história é sinal que já foi cumprido o que precisava na vida um do outro, e isso é ótimo. Não vamos tentar segurar ninguém, o mais saudável é aceitar que os ciclos se fecham e agradecer.

A vida é sobre aprender a seguir o baile, enfrentar mudanças e entender que tudo isso faz de nós mais fortes e resistentes.