Não perturbe: estou indo soltar o ar
- Tabata Pitol
- 17 de abr. de 2018
- 3 min de leitura
Gilmore Girls sempre foi minha série favorita. Eu a chamava de confort serie: toda vez que algo estava ruim eu colocava um DVD da box , escolhia aleatório mesmo - não existia netflix-, e ficava assistindo. Fiz isso aos 20, 25, 30 e 37 anos.
Mas agora tenho que admitir que é outra série que rouba meu coração. Vocês já assistiram This is Us?
Não posso dizer que ela me conforta, porque acho que no fundo ela mais me cutuca. Mas que série linda…eu me arrepiei em vários momentos. O primeiro episódio é um deslumbre. Já assisti umas 6 vezes e me arrepiei em todas.
Ela começa no dia que seus personagens principais estão completando 36 anos. A mesma idade que eu tinha qdo comecei a assistir. Na segunda temporada eles estavam com 37, idade que eu tinha até hoje, já que hoje completo 38 aninhos, idade que eles deverão ter quando a terceira temporada chegar.

Se em Gilmore Girls eu me identificava com a Lorelai, mesmo não sendo mãe, em This is Us já fui todos eles. E aprendo com todos. Para nós, divorciadas, o episódio 14 da primeira temporada, I Call Marriage, é um lindo soco no estômago. Cheguei a assistir ele com o meu ex. Mas já estava claro que eu e ele não viamos mais o casamento da mesma forma.
Mas porque no dia do seu aniversário você está falando de séries e não sobre o seu último ano, ou sobre o seu novo ano? Simples: foi no último episódio da segunda temporada (The Weeding - ô carma viu?) que o Kevin, personagem vivido pelo gato Justin Hartley, explicou tudo que senti nesse último ano.
Na hora que ele vai fazer o brinde, no casamento da irmã, ele chama a mãe e os irmão e diz o seguinte:
"Eu acho que todos nós prendemos nossa respiração por muito tempo, e...
antes de brindarmos, antes de batermos as taças,
eu acho que nós quatro devemos soltar essa respiração juntos.
Eu acho importante fazermos isso,
libertarmos essas coisas que nós guardamos...
Então, vamos lá..."
Neste momento que vocês estão lendo esse texto, eu não estou no Brasil. Há alguns dias Fabiana e eu partirmos rumo a nossa primeira viagem entre amigas depois da separação. Estamos em um carro viajando pela Califórnia. Neste momento, se tudo deu certo, já celebramos em Vegas, e estamos saindo de São Francisco rumo a Big Sur.
Se Deus quiser nesse momento eu já sou alguém bem diferente da Tabata que saiu do Brasil. Uma Tabata que tinha uma grande dor no peito. ;(
Lembro de ter ido a uma especialista em medicina chinesa no final de 2017 e quando ela tocou meu esterno (o osso do peito) eu ter gritado de dor. Ela então me disse: algo te angustia? Porque essa dor é angustia!
Foi um ano inteiro de angústia. Um ano inteiro com a sensação imensa de estar prendando o ar. Prendendo o ar para sobreviver. Para boiar e não me afogar, para não correr o risco de não saber como voltar a respirar sem o amor da minha vida ao meu lado. No último ano foi assim que me senti: o choro preso na garganta o tempo todo; os olhos lacrimejando e a voz embargando nas horas mais impróprias. O coração acelerado após um sonho realístico. O desejo imenso de encontrar meus sogros por acaso na rua, mas tbm um medo apavorante pela certeza de chorar de soluçar se isso acontecesse. Um aperto todas as vezes que os dogs ficaram doentes e, além do pai deles não estar por perto, não ter o marido para me dizer que eles ficariam bem.
Foi um ano de muita coisa incrível tbm, é verdade. Um ano em que eu fui muito feliz. Mas não dá para negar, o ar esteve preso aqui dentro o tempo todo. Então hoje, eu vou soltar esse ar, em dois momentos diferentes. Primeiro vou escolher um momento de solidão, para, em contato com a natureza, deixar ele sair. O segundo momento será quando eu for assoprar a velinha do meu birthday cake. :)
Eu amo fazer aniversário e esse, eu prometo a mim mesma, vai ser bem especial.
Ah e você que está lendo esse texto me manda parabéns?? Eu amo, amo, amo essa data :D
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