Depois daquela viagem
- Tabata Pitol
- 7 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
Acho que eu sempre soube: eu nasci para viajar. Mesmo quando eram apenas as viagens à Santos com meus pais, aqueles eram os dias mais esperados do ano.
Veio a formatura do colegial e a primeira viagem de avião. O primeiro emprego e a primeira viagem que eu mesma comprei. Com o meu ex foi uma viagem a causadora de nossa primeira grande briga: por um ano guardei dinheiro, sem ele saber, para viajarmos.
Quando na agência de turismo confessei termos grana para pagar o pacote, ele disse se sentir enganado por mim, mas bem curtiu os 8 dias em Maragogi.
Trabalho hard e aos 33 anos (se não me engano) veio, finalmente, a primeira viagem internacional. Depois a segunda, a terceira (que marcou o fim do meu casamento), a primeira viagem internacional sozinha, e agora uma viagem com uma amiga. Para essa que chamei de férias que eu mereço, topei tudo aquilo que achava que não gostava: EUA, road trip, consumo e fast food. Foram 18 dias do que chamo hoje de a melhor viagem da minha vida.

Queria muito que todo mundo tivesse condições de viajar. Sei que o tesão que eu sinto em sair do meu país não atinge todo mundo (minha mãe mesmo não compartilha do mesmo entusiasmo), mas como me sinto bem em um lugar onde ninguém me conhece e posso ser tudo o que eu quiser, ou melhor, ser o que eu realmente sou. Viajar, com liberdade, é um convite e tanto para você descobrir quem você realmente é.
Não vou cuspir no prato que comi. Fiz ótimas viagens com o ex. Mas nunca fiz uma viagem onde pude ser exatamente quem eu sou: uma louca que ri de tudo, hahahaha
Foi incrível estar longe de tudo e de todos em um lugar onde ninguém sabia quem eu era e o que eu tinha passado. Falar outra língua, decidir caminhos, pensar em como lidar com perrengues (em uma viagem de 8 horas, por estradas totalmente desérticas nossa gasolina começou a acabar, e eu já estava pensando por onde começaria a comer a Fabiana para poder sobreviver), escolher o que comer, onde ir... Poder ser adulta em um restaurante chique, ou voltar aos 10 anos num parque de diversões. Levar bronca de um policial por um erro no trânsito, e estar com uma coroa na cabeça (afinal era meu aniversário), ou passar longos minutos respirando fundo em uma linda marina cercada por pessoas com mais de 60 anos. Eu fiz tanta coisa que não fazia há séculos e que nem sabia mais que gostava: fui na balada, dancei, falei com estranhos, comi coisas que nunca imaginei comer, topei tudo que me propuseram e tentei descobrir quem de fato é essa menina que completou 38 anos por lá.
Eu sei que pode parecer muito elitista curar uma dor com uma viagem internacional. Eu sei que sou um privilegiada e agradeço todos os dias por isso. O que quero dizer aqui é: se vc não pode viajar para outro país ou mesmo outro estado, tente ficar sozinha e descobrir quem você é. Tente se divertir como se ninguém estivesse olhando. Aja como se não houvesse ninguém que você conhece te observando, te julgando ou te criticando.
Voltei muito feliz, mesmo. Voltei com a certeza de quem tudo que passei tem um propósito e que em breve vou colher os frutos. O caminho ficou mais divertido, o caminhar mais leve. Cheguei e editei um vídeo que gravamos antes da viagem, e várias respostas minha já seriam diferentes (fiquem tranquilas que faremos um vídeo sobre isso também).
Pode parecer clichê, mas só hoje, um ano após tudo ter desabado sobre os meus ombros é que eu tenho a certeza de que tem uma vida ainda melhor ali na frente, brilhando para mim. E mais alguns passos eu estarei lá. E tenho certeza que, mais cedo ou mais tarde, você estará lá comigo também.
PS: me perguntaram se meu ex me mandou parabéns. Não. Mas no dia seguinte ao meu níver recebi um e-mail de uma agencia de turismo e em anexo a compra de um pacote turístico no nome dele e da mocinha dele. 15 minutos de tristezinha e passou. Na minha cabeça só vem a frase: você não é o que acontece com você e sim como você reage ao que acontece com você. Sendo assim me defino hoje com duas palavras: forte e feliz!

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